domingo, 24 de maio de 2009

A lenda a grande luta

O jovem príncipe Gautama escapou secretamente do palácio de seu pai no principesco cavalo Kantaka, passou miraculosamente pela porta guarnecida e cavalgou noite adentro guiado pelas tochas de quatro vezes sessenta mil anjos da natureza (devas); cruzou sem problemas um majestoso rio de 1.128 cúbitos de largura, e então, com um único golpe de espada, cortou suas próprias mechas reais. Com isso, o cabelo restante, de dois dedos de comprimento, inclinou-se para a direita e ficou rente a sua cabeça.
Vestindo roupas de monge, viveu como um mendigo pelo mundo e, no decorrer desses anos em que vagou aparentemente sem destino, alcançou e transcendeu oito estágios da meditação.
Retirou-se para um erimitério e aplicou seus poderes durante mais de seis anos à Grande Luta. Levou a austeridade ao extremo e caiu num estado de morte aparente, mas terminou por recuperar-se, e então retornou à vida menos rigorosa do mundo ascético.
Num certo dia, ele se sentou sob uma árvore, contemplando a face voltada para o leste, e a árvore se iluminou com a luz que irradiava. Uma bonita jovenzinha chamada de Sujata foi até ele e lhe deu arroz numa tigela de ouro. Quando ele atirou a tigela vazia num rio, ela ficou flutuando sobre as águas. Esse foi o sinal de que seu triunfo estava próximo.
Ele se levantou e seguiu por uma estrada demarcada pelos deuses. As cobras, os pássaros e as divindades da floresta e campos fizeram-lhe homenagem com flores e perfumes celestiais, cantaram coros divinos, e os mil mundos se encheram de perfumes, guirlandas, harmonias e gritos de aclamação, pois ele estava a caminho da grande árvore da iluminação, a árvore Bo, debaixo da qual iria redimir o universo. Ele se colocou com firme determinação sob a árvore Bo, no ponto imóvel, e imediatamente foi abordado por Kama-Mara, o deus do amor e da morte.
O perigoso deus surgiu montado num elefante, portanto armas em suas mil mãos. Estava cercado pelo seu exército, que se estendia doze léguas diante dele. Doze pra direita, doze pra esquerda e na retaguarda, até os confins do mundo. Tinha nove léguas de altura.
As divindades protetoras do universo fugiram, mas o futuro Buddha permaneceu imóvel sob a árvore.
E o deus investiu violentamente sobre ele, tentando quebrar-lhe a concentração.
Kama-Mara enviou suas irmãs DESEJO, DISSIPAÇÃO e LUXÚRIA, mas a mente do Grande Ser não se distraiu.
Por fim, o deus Mara contestou seu direito de sentar-se no ponto imóvel, arremessou raivosamente seu afiadíssimo disco e ordenou ao seu enorme exército que atirasse pedras sobre o futuro Buddha.
Mas o conquistador obteve a vitória preliminar antes do pôr-do-sol, e nas primeiras horas da vigília noturna conheceu o divino olho da visão onisciente e na última, a compreensão da cadeia de causalidade, e experimentou a perfeita iluminação na alvorada.

sábado, 23 de maio de 2009

Primeiro sermão de Sidartha Gautama - Buddha

- Há dois extremos que devem ser evitados por aqueles que renunciam ao mundo (Maya) e encontram o Caminho (Dharma).
- Quais são esses dois extremos?
- Um é a vida dos prazeres, dedicada aos deleites especialmente dos prazeres sensuais, que são baixos, mesquinhos, mundanos, degradantes e que não conduzem ao objetivo. Essa vida é ignóbil, aviltante e estéril. O outro extremo é a dedicação e prática do ascetismo, infligindo ao corpo e à mente penalidades e automortificações que são nobres, estéreis, degradantes e não conduzem ao objetivo.
- Há uma vida média que é a perfeição. Um caminho do meio tem sido descoberto pelo ser perfeito que transcende esses dois extremos, e isso traz a verdade e o conhecimento. Um caminho que abre os olhos e o coração e que leva ao contínuo equilíbrio, dissolve o “ser pessoal” e leva ao “nirvana”, ao estado de Buddha, a plena iluminação.
- Onde está o caminho do meio, eu estou.
- A verdade está dentro de vossos corações. Não surge de coisas externas, mesmo que assim acrediteis. Há um “centro interno”, o coração celeste, onde a verdade habita em total plenitude. Porém as espessas camadas da mente grosseira impedem o seu esplendor. A pervertida rede mental frustra, emaranha e faz tudo parecer real.
- Para alcançar a sabedoria, o ser tem que abrir, de dentro pra fora, um caminho... por onde o aprisionado esplendor possa escapar, em vez de tentar absorver a luz, supondo que ela se encontra além de si mesmo.